segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Uma Gaiola muito portuguesa, com certeza!



     Há filmes que marcam gerações, outros que marcam épocas, outros ainda que marcam um ano em específico. Depois existem os que marcam as pessoas porque contam histórias de pessoas, tal como elas são.

     Entrei no cinema com grandes expectativas e 14 dias depois da estreia. Já tinha lido tudo o que havia para ler sobre o filme: actores, realizador, banda sonora e afins. Já tinha ouvido opiniões de amigos e conhecidos. Só não li as críticas escritas pelos ditos especialistas na matéria, raramente leio e neste caso não seria diferente. 

     A sala estava cheia como há muito tempo não a via, talvez porque vá poucas vezes ao cinema ou simplesmente por ser verdade que a Gaiola Dourada é realmente um sucesso de bilheteira. Sentei-me nos lugares que restavam que por sinal eram os piores. Esperava encontrar tudo aquilo que li e ouvir dizer, esperava chorar e rir, esperava ter todas as experiências que estamos longe de ter num filme banal de domingo à tarde.
     Encontrei mais do que esperava. Ri como há muito não ria numa sala de cinema e tive déjà-vus em muitas cenas do filme. Finalmente um filme onde se pode gostar de clichés, finalmente um filme onde clichés que podiam ser pejorativos se tornaram ternos e dignos de admiração. É difícil, mas conseguiram-no de forma brilhante.

     Adorei a banda sonora, acho que é uma das partes mais importantes de qualquer história. Acompanha-a, realça-a e enaltece-a. Fantástico terem escolhido Rodrigo Leão, fantástico o filme respirar lusitanidade em todos os poros mesmo quando foi produzido em França e se intitula de filme francês. 
     Emocionei na parte do fado. Não foi pela música, não foi pela actriz escolhida. Nesse momento senti-me uma estrangeira que mesmo sem entender nada e de olhos fechados podia sentir o poder do fado e das guitarras portuguesas. Arrepiaram-se-me os pêlos dos braços, arrepiou-se-me a alma. Sensação difícil de transpor para palavras.

     Tenho de confessar a minha admiração pela Rita Blanco, uma admiração que foi gradual e que culminou com este filme. Acho-a talentosa e encontro nela algo que não consigo encontrar em mais nenhuma actriz portuguesa. Tal como o fado, não consigo explica-lo. Não conseguiria imaginar outros actores neste filme, o casting foi perfeito e sinto que cada personagem foi pensada com muito carinho. Foram construções pormenorizadas e que não podiam ter sido feitas de outra forma. 
     Conseguimos ver que realmente o coração de Rúben Alves é português. E mesmo sem saber a nacionalidade, saberíamos que mais nenhum seria capaz de fazê-lo assim, tão genuíno, tão verdadeiro e simples. O facto de, em parte, ser uma homenagem torna-o ainda mais especial. Ele conseguiu numa história tão simples colocar tudo, tudo o que só nos faz orgulhar de sermos quem somos e de podermos sê-lo em qualquer país que escolhamos para ser a nossa nova casa. 
     Na verdade a magia dos filmes está nisso mesmo, tocar o coração das pessoas. A Gaiola Dourada tocou, mostrou à França e lembrou-nos a nós do que somos feitos. 


     Love
     C.

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