sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

foi tudo por causa de uma cebola.


     Eu a pensar que na minha vida não havia aventura. Cheguei a casa já passava das oito e tinha de fazer o jantar. Na despensa apenas uma cebola, precisava de duas: uma para cortar em meias-luas e pôr depois do frango para ir ao forno e outra para picar e fazer um refogado. Como, finalmente, tínhamos desmontado o pinheiro no fim-de-semana aproveitámos a falta de cebolas para descer até à arrecadação, arrumar o pinheiro, fazer a contagem da água e trazer mais cebolas para cima. A minha irmã saiu na frente e eu saí depois, bati a porta. Aliás bati a porta com a maldita chave por dentro. -Joana, a chave? - Não a tenho, pára com essas brincadeiras. - Não é brincadeira. C******! Ficou lá dentro!
     Dois segundos de silencio. Uma mão na cabeça. E ali estávamos nos, sem chave de casa, sem dinheiro, sem telemóvel e de pantufas nos pés. Descemos ao primeiro andar na esperança dos vizinhos do esquerdo terem o contacto do senhorio, já de antemão avisadas de que simpatia não abundava por aqueles lados. Nada de número do senhorio, mas ele estava online. Nada de resposta através do gmail. Depois de uma chamada do telemóvel deles para o responsável do condomínio eis que conseguimos o número. Ligo a medo e constrangida: - Desculpe incomodá-lo a esta hora, mas fechámos a porta e deixámos a chave dentro! Coisa estúpida para se dizer e a prova de que preciso mesmo de férias, pensei. O senhorio, amável como sempre, combinou connosco que dentro de 3 quartos de hora estaria para nos abrir a porta e poderíamos finalmente ir partir as cebolas para o jantar. A vizinha: - Agora é melhor sentarem-se! - Ah deixe estar, nós subimos e esperamos à porta..não se incomode. - Sim sentem-se onde quiserem porque ele ainda pode demorar. (Claro sentem-se onde quiserem porque não vos estou a convidar para esperarem em minha casa, subam e sentem o rabo no chão frio à entrada da vossa porta.). Segundo momento constrangedor do dia e a prova de que realmente a simpatia não abunda no lado esquerdo do primeiro andar. Ok! sim emprestaram o telemóvel (mas a chamada era moche e por isso grátis), sim eu não queria ir fazer sala para a sala deles ainda assim se fosse eu, tinha-os convidado para entrar e se já tivesse cortado as cebolas ainda era capaz de oferecer o jantar. Enfim.
     Subimos e sentámos o rabo no chão frio, tínhamos um caneta que ia servir para apontar a contagem da água e uma caixa grande onde estava guardado o pinheiro. Jogámos à forca com nomes de filmes durante os 30 minutos que o senhorio demorou a chegar. Agradecemos a viagem que fez devido à minha distracção e estupidez e entrámos para cortar as cebolas. Apesar de tudo o jantar ficou óptimo e ainda fui a tempo de ver as novelas.

     Love
     C. 

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