sexta-feira, 22 de junho de 2012

perfumes que contam histórias

   
     Tenho uma ligação muito forte com cheiros. De todos os meus sentidos penso que o olfacto é o mais apurado. Esqueçam a visão, que eu sou bem míope e quanto à audição costumo dizer que prefiro só ouvir o que me convém (aliás isto é a minha mãe que afirma). No que diz respeito ao paladar gosto de usá-lo, mas como sou um bom garfo não sou de grandes exigências e esquisitices. Em relação ao tacto prefiro deixar no segredos dos deuses. Assim sendo considero-me bastante observadora e critica de cheiros. Os meus momentos não só têm uma banda sonora com todo um "smell track". 
     Eu gosto de pessoas que emanam aroma quando passam no metro. Pessoas que deixam o rasto onde quer que passem sejam 8h (e tenham acabado de tomar banho) sejam 19h e já tenham revirado meio mundo, mas ainda assim continuem a cheirar a frescura de banho matinal. Gosto de pessoas que são originais a escolher o aroma com que vão conviver todas as manhãs. Gosto de sentir um perfume e saber que tem de ser meu porque é a minha cara. Gosto ainda mais quando as pessoas que me conhecem bem sabem que esse mesmo perfume tinha de ser meu porque eu sou ele em cada pulverizar. 
     Usar e escolher um perfume não é a mesma coisa que usar e escolher uma pasta de dentes. São precisos dias de reflexão e a consciência de que ele vai marcar mais uma etapa, mais uns meses de vida e as histórias desses meses. 
     E as histórias com finais felizes ou cinzentos estão nos perfumes também. Reviver um perfume maldito numa esquina qualquer de uma cidade é o mesmo que sentir o mundo em cima de nós exactamente como foi naquele passado. Sentir um aroma feliz num banco qualquer de espera de uma estação de correios é o mesmo que sorrir como sorrimos naquele momento que antes nos encheu o coração.

     Love

     C.
     

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