segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O amor não se referenda


     Não se referenda o amor. Nem a igualdade devia ir a votos numa democracia. E muito menos um país com tantos problemas devia perder tempo e dinheiro a referendar um direito de igualdade.
     Em vez de caminharmos na evolução continuamos atados ao conservadorismo e preconceitos de que dois seres do mesmo sexo jamais terão as condições de “normalidade” ou farão parte do conceito família do tempo do Salazar. Pois, é verdade que não terão e ainda bem. Mas isso não os impede de ter o amor que essas crianças precisam para viverem felizes. Duas mães, dois pais serão sempre melhor opção que um apenas ou nenhum. Quem do alto da sua sabedoria, conservadorismo e até alguma infantilidade acha que tem o poder de pôr na mesa o futuro destas pessoas certamente não saberá o que é ser órfão e saltar de casa de acolhimento em casa de acolhimento.
     Se tudo isto é em prol das crianças, como se diz, deve antes pensar-se em que adultos se transformarão estas crianças após viverem de um lado para o outro, sem amor, sem educação, sem uma história de vida estável e um lar ao qual possam chamar: Casa.
     Se não nos perguntaram se queríamos entrar na UE, ter uma nova moeda ou ter a Troika à perna não nos podem pedir para votar e decidir o futuro destas famílias. Se algum discernimento ainda existir a lei será aprovada sem termos que usar um domingo para referendar o amor. E a verdade é que um referendo assim me assusta profundamente. Se a classe que se diz evoluída e toma as decisões por nós é contra ou está a tentar atrasar este processo será que a restante sociedade irá pôr de lado os preconceitos e votar SIM?!
     Estamos juntamente com a Rússia, Roménia e a Ucrânia a violar a Convenção Europeia de Direitos Humanos. É isto que se espera de um país civilizado onde pelos vistos afinal só reina uma espécie democracia?
     Estou há meia hora a pensar nisso e só consigo dizer-vos que amor é preciso agir em vez de falar ou escrever e não há lei que diga o que podemos ou não sentir.

     Love
     C.

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