quarta-feira, 30 de maio de 2012

histórias guardadas em paredes brancas


     Sempre que mudo de casa (e já foram algumas vezes desde que estou em Lisboa) penso em mil e uma histórias possíveis. Quando olho para as paredes ainda vazias e as toco suavemente, como se já não soubesse do que consta a sua textura, fico a imaginar quantas pessoas já não fizeram o mesmo. E quando vou decorando cada esquina fico a ver imagens de pessoas e a ouvir gargalhadas de longe. Imagino quantas pessoas já não sonharam nestas quatro paredes, quantos gemidos de prazer e soluços de choro as paredes brancas não ouviram. Fecho os olhos e imagino quantas mãos não abriram as portas e quantas vezes o devem ter feito em toda a existência da casa, quantos passos o chão sentiu e quantos olhares se trocaram entre as janelas e nos "passeios" de elevador. Quantos segredos e momentos extraordinários se viveram debaixo do mesmo tecto. 
     Às vezes apetece-me escrever bilhetes e colá-los pela a casa a contar como me senti naquele dia,  encostada naquele sofá que um dia voltará a ser um espaço vazio e pronto a receber o próximo sofá e os próximos sonhos.

     P.S - Desculpem a ausência, mas sabe-se que se tem pouco tempo quando se anda há três dias para pintar as unhas e há mais de uma semana para escrever no blogue.

     Love
     C.

1 comentário:

  1. Percebo perfeitamente o que escreves. Eu também navego nesses pensamento quando entro num "lugar em branco"...

    Lembro-me que quando era mais nova e mudei de casa (aquela que me viu crescer, onde me fiz menina e onde desenhei as primeiras amizades), à saída fui à sala peguei numa caneta tirei um taco do chão e escrevi "obrigada casa, nunca me vou esquecer de ti" ahaha Agora que me lembro dá-me imensa vontade de rir... Mas a verdade é que precisava de falar com ela, dizer-lhe o quão importante foi para mim. Quem sabe se os novos habitantes encontraram o taco ficaram a saber que aquela casa me fez feliz, nos fez feliz, muito feliz e foi também um "membro da família".

    Ainda hoje tenho saudades dela...

    ResponderEliminar