Sempre que mudo de casa (e já foram algumas vezes desde que estou em Lisboa) penso em mil e uma histórias possíveis. Quando olho para as paredes ainda vazias e as toco suavemente, como se já não soubesse do que consta a sua textura, fico a imaginar quantas pessoas já não fizeram o mesmo. E quando vou decorando cada esquina fico a ver imagens de pessoas e a ouvir gargalhadas de longe. Imagino quantas pessoas já não sonharam nestas quatro paredes, quantos gemidos de prazer e soluços de choro as paredes brancas não ouviram. Fecho os olhos e imagino quantas mãos não abriram as portas e quantas vezes o devem ter feito em toda a existência da casa, quantos passos o chão sentiu e quantos olhares se trocaram entre as janelas e nos "passeios" de elevador. Quantos segredos e momentos extraordinários se viveram debaixo do mesmo tecto.
Às vezes apetece-me escrever bilhetes e colá-los pela a casa a contar como me senti naquele dia, encostada naquele sofá que um dia voltará a ser um espaço vazio e pronto a receber o próximo sofá e os próximos sonhos.
P.S - Desculpem a ausência, mas sabe-se que se tem pouco tempo quando se anda há três dias para pintar as unhas e há mais de uma semana para escrever no blogue.
Love
C.